Hoje é daqueles dias que poderei passar a ter menos leitores ou que desgostem do que já gostaram no facebook, mas há coisas que temos de comentar e não há meio de guardar cá dentro.
Ao longo destes anos de trabalho, tenho recebido com alguma regularidade propostas para colaborar com lojas ou participar em feiras. Perdi a conta dos emails recebidos, mas pelo que ainda guardo posso dizer-vos que o ano de 2010 foi o auge (21), mas este ano estou a chegar ao mesmo número e ainda vamos a meio (assustador, não?).
Tento responder a todos e aos que não cheguei a responder foi por puro esquecimento, mas sempre foram personalizados. Não adotei um modelo de
email
para recusar ou aceitar, porque acho terrível receber emails com o conhecimento de todos os destinatários, em que o email das propostas de algumas lojas é igual para todos. Fazem-me sentir que nos põem a correr atrás da cenoura. E até lhes fica mal, porque a maior parte das condições de venda são as quais, nós criadores, queremos distância.
O que me levou a escrever este
post, é que por vezes ultrapassa-se o limite e infelizmente ando a acumular muitos emails assim. E já ando com o dilema "respondo ou não".
A última proposta recebi hoje, propunham-me ir amanhã num "pulinho" a outra localidade do país tentar contribuir para a decoração de uma casa de um projeto já existente, onde não lhe faltam patrocinadores (mas as despesas dessa deslocação claro que são comportadas pelos criadores = absurdo). Teria como troca da minha "devoção" o meu nome junto ao contributo e em "princípio" durante o tal evento poderia estar no local a comercializar os produtos e passo a citar:
«Sei que é um pouco em cima da hora mas a ideia é bastante interessante!!!! (…) Necessito de uma resposta rapidamente.». "Rapidamente" é elegante.
Ora bem, nem sei o que responder. Será que os emails nos fazem sentir tão próximos uns dos outros, e os nossos blogues tão em casa uns dos outros, que por breves momentos há quem se esqueça do bom senso e da educação nestas abordagens? O "tu cá tu lá" não me faz confusão nenhuma, o que me arrepia é o à vontade com que se fazem as propostas e essencialmente o modo como nos fazem sentir.
Devido ao tipo de trabalho que faço não costumo aceitar propostas que cheguem em cima da hora, há todo um trabalho para preparar já para não falar da logística. Também não aceito propostas escritas em "tom fresquinho" e num novo discurso empreendedor em que não questionaram anteriormente as minhas condições de comercialização ou divulgação do trabalho que faço. Sim, porque eu também tenho condições. Como é que nos propõem números sem nos ouvirem primeiro? Propor um ponto de venda a um criador é indispensável dar a conhecer a localização da loja e juntar uma pequena apresentação do conceito do projeto. Já para não falar das propostas acompanhadas de excessos de pontos de exclamação e
smiles, e as propostas de lojas vindas do facebook em modo telegrama sem qualquer
informação adicional.
Custa muito personalizar um email ou estou a ser muito exigente? Somos todos diferentes e isso influencia pelo menos a minha resposta. Se pensarmos um bocadinho que precisamos uns dos outros, não custaria nada fazer esse esforço.
Não escrevo isto com o intuito de transmitir alguma superioridade, é mais uma espécie de manifesto contra as propostas de inúmeras lojas à consignação, de feiras de artesanato urbano ou eventos "mal amanhados".
Podia ignorar o email que recebi juntamente com outros, alguns bastante caricatos, mas começaram a cansar-me porque nos tratam como amadores, e há quem trabalhe para que não seja visto assim. Não coloco as propostas todas no mesmo saco, porque há quem saiba fazê-las e algumas tenho pena de não ter mais tempo para as conseguir aceitar, porque muitas situações são válidas para divulgar o nosso trabalho. Mas existem outras tão más que me tiram quase do sério, porque fazem-me perder tempo, como agora.